À Lareira da Infancia
Data 19/02/2014 02:13:24 | Tópico: Poemas
| (EU)
Na casa do Outeiro, junto ao lume que se ateia, sentavam-se à conversa, à hora da ceia, meu Avô, minha Avó e a Tia Josefa! Era eu uma criança, jovem entre velhos, cheio d'alegria, Amor e Esperança! Tanto calor que me vinha da lareira da Infância! Um leve odor ... E a Tia Josefa, branca, imponente, lânguida, serena, sisuda, começava a conversa!
(PARA MEU AVÔ)
Ó meu irmão, que fizeste tu da alegria que pela Vida fora te conhecia?! Às cores do teu rosto que o Sol ardente te havia posto?! Essa expressão, risonha e calma, que me alembro, a força do teu corpo, a Vida da tua Alma!!! Onde, meu irmão?! Onde?!
(EU)
E estoira a lenha na lareira da Infância! Meu Avô, atento, ouve a conversa, e responde, fixando a Tia Josefa!
(MEU AVÔ)
Estou velho minha irmã! O tempo passa ... Mas como as bagas da Romã, a memória fica junto ao Coração, imersa, arreigada, numa imensa solidão! E ai do Coração! Ai do Coração!
(TIA JOSEFA)
É Verdade meu irmão! É Verdade ... Fica a saudade... Nossa mãe, nosso pai, já estão na Eternidade ...
(EU)
E a lareira da infância ardia, queimava a lenha da saudade ... Era lá que em criança minha Alma se aquecia! E minha Avó, silenciosa que estava, ouvia! Profunda, graciosa, sentia Esperança, junto à lareira da infância! E dizia:
(MINHA AVÓ)
Ouve, meu Neto, um dia, nenhum de nós aqui estará! E a tua glória, será escrever em verso, aquilo que nos ouviste, junto à lareira da infância! Mas escreve com Esperança, não te esqueças! E triste, ou não, guarda sempre na lembrança, a conversa da lareira, que ouviste à hora da ceia, à beira de teu Avô, tua Avó e da Tia Josefa!
(EU)
Em volta da lareira, os três sorriam, e minha infância, momento terno, era quente, com a Esperança, de quem sente, que aquele instante podia ser Eterno! ... Mas a Morte sempre vem! ... É breve! E tudo leva! Fica a memória na saudade e a saudade nos meus versos!
É esta, minha unica Glória!!!!
Ricardo Louro No Outeiro, em Monsaraz
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