
ERRAR PELA CIDADE
Data 28/02/2014 17:02:32 | Tópico: Poemas
| Trago comigo ruídos das vielas da cidade Trago em mim tudo que vi e senti, sem festim Passos apressados, cheiro a peixe frito Caras inexpressivas, árvores nuas do jardim
O grito de contentamento da criança, atrás das pombas O rodopio das folhas secas levadas pelo vento O velho cego do acordeão, de nariz arroxeado Que vende lotaria e toca sempre o mesmo fado
O marginal que chora por uma moeda ou uma sopa A prostituta atenta, encostada à porta, sem alento O pregão dos vendedores, os gritos dos arrumadores A máquina existencial de dispare funcionamento.
Assim fiz o meu caminho, sozinha, observando Trouxe vidas à minha vida solitária, de divagações Memórias à sombra onde me abrigo a descansar E os pensamentos enrolam-se, presos nas visões
Revendo formas, cores, gestos, sons e cheiros Lentamente vou-me desprendendo com fadiga Distanciando-me das imagens que vão fugindo Cansada, de andar atrás dos outros, de outra vida.
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