
Desconfiança voraz
Data 03/03/2014 21:58:28 | Tópico: Poemas
| Se toda a face calma guarda outros revezes, sendo o rosto tantas vezes a mascara da Alma, não serás tu, o fogo d'amargura que tantas vezes em mim perdura?!
Também és o Sol de Maio que meu Dezembro alegra e aconchega, bem sei! Mas às vezes, tornas-te um Outono, que em Agosto, meu corpo não tolera!
Minh'Alma ao ver-te, brota, dança,canta, revigora, como o dia ao Sol-Nascente! Mas quando, de quando em quando, tu me mentes, a cada hora, minh'Alma séca, pára, chora, como a tarde ao Sol-Poente!
E numa leve toada, vem a noite, e depois, a madrugada!
Minha longa, fria e timida NOITE - eternas horas de Fado, poesia e desdem! Sem ti - intima solidão! E porque parti, ausente, não mais te vi!
Só Vós me entendeis, Poetas errantes, que sofreis e penais! Almas negras de dor, fantasmas vacilantes ...
Ai, que caminhos lânguidos os nossos, de versos e agonias perturbantes ...
Ricardo Louro
no café, A Brasileira, no Chiado, em Lisboa.
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