
À Igreja de S. Domingos na Baixa de Lisboa
Data 09/03/2014 19:54:53 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
| Espaço de cinzas pejado de silêncio além-das-chamas! Altar-de-dor, sem talhas nem grandeza! Santos ardidos, sem rosto nem feição, despojados de vestes, além-da-forma-humana, tão perto da criação! Pedra gasta, derretida, como a cera d'uma vela que queima no altar! Jazigo vivo em cemitério humano onde ecoa a voz-de-Céu! Pedras-de-Silêncio ... Tectos-de-Paz ... Pesada História, memória breve! As chamas foram glória! Queimaram o Passado que é hoje tão leve ... É aí, nesse intimo espaço que me encontro! Com as ondas da Vida! Com a Luz das cinzas! Pó sereno que hoje sou! É aí que aguardo, palavras ocultas, suspensas no silêncio, que me falem ao Coração ... Meu pobre, perdido e triste Coração - tão queimado nas chamas da ilusão! ... É lá que Renasço, sempre que rezo, quando a Vida me pede que morra! Porque morrer e renascer é próprio da Vida … É assim aquela Igreja onde sempre encontro o meu lugar!
Ricardo Louro Na Igreja de S. Domingos.
À Igreja de S. Domingos que, ardeu em 13 de Agosto de 1959 em plena Baixa de Lisboa, e que, tem vindo, a pouco e pouco, desde 1994, a renascer das cinzas ...
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