
Dia de vento no caminho que conduz ao rio
Data 31/03/2014 13:51:17 | Tópico: Poemas
| Dia de vento frio, a luz da manhã tem calafrio, tiritando numa caixa de fósforos. O céu está em esplendor, tremendo com a brisa, arruma-se numa mantilha rendada, de cor indefinida. Toda cena observada pelo olhar perspicaz do casal de pombas arrulhando despreocupadas na entrada do sótão.
Dia de vento no caminho estrada que conduz ao rio, escoltando paralelepípedos água abaixo rumo ao mar, despencando do penhasco até a baia segura que abriga fragatas e corvetas.
Paralelepípedos confundem-se à lágrimas vertidas pela velas tingidas no tom das cochonilhas estalando madeira dos mastros altaneiros, e onde rebocadores e barcos lançam âncoras para o jantar.
Deste meu mundo, do ponto em que me encontro, apenas usando uma luneta posso ver o rio, as lágrimas vertidas, as gaivotas e fragatas pairando no céu azul. O vento que sobra do mar aberto, a fumaça do óleo diesel de motores, velas vermelhas envelhecidas como seculares toneis de carvalho, meu olhar embevecido em direção aos barcos, neblina e vento.
Tudo o que vi poderia ser visto também por um marinheiro, depois da ração de rum deitada na caneca de estanho, depois do estalo da língua sorvendo o líquido dourado.
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