Pão da batalha
Data 31/03/2014 13:28:25 | Tópico: Poemas -> Sociais
| Havia sombras nos escombros gente com fardos sobre os ombros sacos de cimento de 50 quilos e dorsos cinzentos e arqueados
De súbito, uma tontura um operário cai da altura fica pendurado na grua por um fio, vida bela e crua
Acidente previsível? Não, rotulado de erro humano aquilo que é evitável o operário é julgado culpado
O obreiro é invisível? Sim, dorme muito pouco, pra pegar o trem suburbano acorda bem cedo, o café é ralo
Horas a fio, incansável? Não bastasse o trabalho pesado Ainda com horas extras é seduzido Ou melhor, é assediado, obrigado
É na construção civil: onde há maior rotatividade da mão de obra farta, de pouca idade com baixas instrução e escolaridade
E José, Severino e Raimundo o corpo cansado, a coluna doendo não reclamam, hoje tem jogo do Flamengo mas já não conseguem pagar o ingresso
O jeito é voltar pro rádio de pilha Ou pra televisão sem cabo, E torcer pra melhora do Antônio, E amanhã seguir na luta pelo pão da batalha.
AjAraujo, o poeta humanista, escrito sobre os acidentes de trabalho na construção civil, em 31-3-2014, homenageando mais uma vítima das obras dos estádios da Copa, dessa vez no Itaquerão - SP.
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