Mas saberei conservar o pôr do sol majestoso no meu pensamento e o som de um Piano de cauda crepuscular pela preamar

Data 03/04/2014 19:23:22 | Tópico: Poemas

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De que me serve o mar trespassar a carne num lampejo rápido Preciso se a alma permanece como no recomeço dos mundos entre poeiras estelares sem rumo apesar de a cada instante estar mais distante? Será assim?

Se a morte aparecer no repente a que nos habituou
Que seja pelas primeiras chuvas da Primavera plena

Não que me seja íntima tatuada na pele esfarelada
Há sempre o estranho mito dos lírios
Num país estranho em telhados de concreto.

Descobertas
Ouvirei no teu sussurro transformado pela repetição
Como se transportasse às costas os Sítios das mimosas
E das alfazemas

Levarei sempre saudades das noites
Das manhãs também
Mas saberei conservar o pôr do sol majestoso no meu pensamento e o som de um
Piano de cauda crepuscular pela preamar

Vejo-te.

Temo em regressar de tão cendrada luz ao longo das margens
Que me oprimem
Fronteiras forjadas nessa Terra que jamais será minha
Ou nossa

Afinal falta sempre um Abismo.

[estás a ver, sempre me disseste que escrever sobre Ela seria fácil]

I

Repetem-se os sons tantos
Os silêncios dos marulhares suaves
Tantos os sibilinos cantares da morte é dela que fugimos nos longos invernos.
Das distâncias que se repetem incessantes

Perdem-se palavras que se afogam, vagarosas
Perdem-se alguns sonhos, descoloridos
Temem-se repetições sem nexo

Teme-se então todo este mar.


(Ricardo Pocinho)



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