Regozijar-me-ei quiçá se pelos tempos esquecidos

Data 17/04/2014 05:04:42 | Tópico: Poemas

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Um dia recordar-me-ei de outras cousas Até de mim.

Algumas ainda embrulhadas pelos nevoeiros
Resistindo aos loucos ventos e Clarões das noites
Regozijar-me-ei quiçá se pelos tempos esquecidos.

Apenas sei do brilho das praias nuas onde
Juntávamos pegadas às velas das gaivotas adormecidas
E quando uma onda invadia o Espaço
Saltavas imaginando-te a transpor algum precipício.

Um dia mesmo que seja escondido pelas águas em Sobressalto
Os abismos revelarão os Segredos murmurados
Sem nexo pelos infinitos e estranhos ritmos da maresia.

Talvez me embale pelos rochedos banhados por marés Adormecidas alongando Margens.

(I)

Dos turbilhões contínuos Tropéis descontrolados de
Cavalos loucos no cume mais alto
Rebentam aloés refreando homens e mulheres que se espalham
Neste tártaro repleto de titãs pelas entranhas que apodrecem

Quão longe sobrevivas e silenciadas

Pelo grito dos náufragos em alto mar
Pelos sonhos longínquos que cegam.
Palavras como carpideiras sucedem-se em gritos suspensos num talvegue
Sem ecos apenas anunciando o suicídio do poema. Repentinos

Caminhos
Sós.

Pergunto-te
Afinal onde jazem os teus pesadelos?



(Ricardo Pocinho)


Nota:

Talvegue 1. Linha mais ou menos sinuosa, ao fundo de um vale, por onde correm as águas.
2. Linha de .interseção dos planos de duas encostas.



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