Vôo da águia
Data 15/01/2008 13:02:16 | Tópico: Poemas
| Por onde vai esta multidão abestada que não vê o primado essencial da palavra?
Abastardada, envilecida, escorro-me viva Em sangue Em fogo Em lava ao crescimento exponencial dos alfabetos e ao encarquilhar constante dos olhos e dos gestos. Esgoto-me intensa em cada parágrafo moribundo.
Sob o Inverno do Árctico epigramas autocratas, progridem em ritmos d’horas sempre mortas.
No campo de batalha, a soldadesca, com louros e pétalas delicadas de malva-rosas, emoldura rostos em chacinas de movimentos, quando, arrebatada, avança em marchas para lá de assombrosas.
Águia d’asa ferida, fundeio o mundo em limos num açude profundo e prossigo na política da terra queimada se, sob as cinzas quentes dum passado, rebusco ainda, de ti, a Fénix esmaecida.
Declino-me agora, flagelada, em ângulos sempre rectos, na rectidão de circuitos integrados, e vegeto, lívida de ternuras e d’afectos, rumo ao nada, sendo galeão d’invencível armada.
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