Não sei ser... Mas sou!

Data 20/04/2014 21:58:57 | Tópico: Poemas

Não sei ser espinho de limoeiro em flor de macieira.
Não sei ser noite nas alvoradas de ninguém.
Não sei ser pedinte de esmola alheia.
Não sei ser afago no merecimento da fustiga.
Não sei ser nada de quem quer tudo.
Não sei ser poema quando palavras fúteis me pedem.
Não sei ser tesão quando a castração me é impingida.
Não sei ser liberdade quando a prisão me é infligida.
Não sei ser fala quando me amordaçam.
Não sei ser mordaça quando me gritam liberdade.

Cantarei a voz que sou, nesse fito de ser livre.
Em cada canto que preencho, em cada canto que sou
Sou eternamente o meu canto em cada pedaço que sou.
Porque sou, sou tão só aquilo que canto, mas sou
Com todas as forças de quem quer ser.
Não ser por ser! Ser na exacta medida
Do canto que faço ouvir
Um canto sem letra, sem notas repetitivas
Tão só a afirmação de ser, só eu sou
Nessa intermitência caustica a que me obrigam.
Gritarei o meu canto, um canto livre
Revestido de asas, asas minhas sem penas,
Que não quero que chorem por mim,
Se penas se chamam às dores de alma.



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