*ANGOLA ♥DOR E SAUDADE*LUANDA
Data 21/04/2014 12:46:45 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| I 25 de Abril, perdoem a minha ingenuidade Descolonização dos países de língua portuguesa Devia ter sido feita em paz dar a escolher A todos aqueles que nasceram lá devíamos ter Tido escolha, escolha onde devíamos ficar Mas atiraram-nos aos tubarões. II Nasci em 66, sinto-me uma estranha Nesta terra onde nasceram os meus pais Não sei donde sou, muitas vezes sinto-me Sem terra, sem pátria, quem sou afinal ? 25 de Abril tirou-me mais, do que me deu. III Os homens vivem todos juntos Mas quando chega a morte Morremos sozinhos e a morte É uma suprema solidão, sobem ilegíveis. Muralha fria onde habitamos, palavras de morte Frágeis palavras que guardam Gemidos imensos de suprema solidão IV Cordas de violinos do sangue do mundo Triste, triste das mortes, triste da vida Morte do homem que não tem coragem De morrer, morrer pelos outros Pior que a morte é a dor de quem fica De quem perdeu tudo perdeu e ficou sem nada É a saudade de quem era que deixo tudo E não sabe a quem Nem as lágrimas acalmam a alma Nem a tristeza de quem chora. V O pior da morte é o desapontamento Desencantamento de quem não tem lar Terra. Pátria. Pátria que ficou em cinzas Sente que não pode continuar, sem força, sem nada Muitos que vivem merecem a morte Senhores da guerra malditos assassinos Corruptos, gananciosos, são feitos em heróis da pátria. VI De um país a arder de uma pátria em cinzas Cheia de cadáveres sangue, sangue dos inocentes Gente perdeu a vida que merecia viver Desta guerra estúpida, estúpida, maldita Este é o meu pensamento, a minha dor De um fatídico ano de 1975 Saudade dos cheiros, dos aromas, do capim seco Ai Angola. Luanda serás sempre Portuguesa No meu coração, na minha alma.
Nós somos A nossa própria liberdade E donos do nosso destino * Isabel Morais Ribeiro Fonseca.
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