
Curimba Experimental II ou As visões de Zeca-Lango nas rimas infinitas.
Data 21/04/2014 18:07:14 | Tópico: Poemas
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Se eu for falar de flores tenho muito que falar. Quem me dera, se, de amores fosse assim, repleto, meu lembrar.
Outras rimas de flores são fáceis colecionar. Eu falo agora das dores como essa aqui a latejar.
O cansaço de Álvaro de Campos que o Pessoa não pôde aguentar Jogou tudo nas costas de outro, chamou heterônimo e saiu pra fumar.
Cansaço a fazer-me pregas, dor, existência, bolotas na garganta impedindo o choro de rolar.
O poeta se mete a besta com a verdade secular. Flores, dores, cores, amores... Um monumento a cada um em rima, em cima do meu altar.
Eu reverencio a rima que tece semântica unindo o singular. A rima é o desatino da função vocabular.
Rima pobre, rima rica, há luta de classe, já dá pra notar.
- Não use infinitivo!, diz o imperativo sobre meu criar. Quero ver é criar infinito nas rimas desse luar.
Eu vou seguindo a toada, vira um repente o meu cantar. Saco o pandeiro da bolsa a goela esquentando, cachaça no ar.
Eu sou infinitivo infinito, sou Zeca Lango, curimbeiro, potiguar.
Ah, meu Rio Grande do Norte Ah, meu cruzeiro do sul. Se eu der um corte na rima é para o poema ficar azul da cor do céu, da cor do mar.
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