Inclinação - Capítulo XII

Data 25/04/2014 19:30:04 | Tópico: Poemas -> Amor

Eu deito a cabeça sobre a almofada
fecho os olhos à melhor ouvinte,
Ela mostra-me uma vida coreografada
na casa dos 20 com o máximo requinte,
Não reconheço pai como contribuinte
mesmo vivendo debaixo do mesmo tecto,
E nunca mais existirá o dia seguinte
para alguém que vejo como um insecto,
Desconecto e ela mostra outro trajecto
que me diz para afastar de problemas,
Que me diz para não perder o afecto
no final de todos os telefonemas,
Eu sempre fiz das tuas ordens supremas
religiosamente cada uma eu segui,
E um dia direi que com os meus poemas
''Eu consegui, Mãe eu consegui!''
Visões dos momentos em que eu sorri
até cada lágrima conseguir secar,
Não quero flores só porque eu morri
se esta noite não conseguir acordar,
Levem os textos para o ensino escolar
organizando-os por actos e cenas,
Para a próxima geração poder estudar
Bocage e Camões numa Pessoa apenas,
Dos meus próprios sonhos fui Mecenas
para garantir que nunca desistia,
Não às loiras eu sempre quis morenas
para lhes dar a luz que ninguém via,
Existe uma que à dor sempre resistia
cada vez que me via acompanhado,
E todas as vezes que eu a despia
o que acontecia parecia destinado,
Nunca tive coragem para ser namorado
devido à nossa diferença de idades,
E eu vejo-me totalmente apavorado
ao ver a felicidade nas suas qualidades,
E eu só estou a fugir das autoridades
quando a minha vida é a maior delas,
Por isso eu minimizo as dificuldades
para poder maximizar outras janelas,
Não adianta procurar nas páginas amarelas
aquilo que à nossa porta vem bater,
E com o bater eu acordo sem mazelas
de um sonho que estou pronto a viver.


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