NECESSIDADE

Data 28/04/2014 01:26:16 | Tópico: Poemas

NECESSIDADE

Preciso arrancar do peito o poema
Que teima em fazer-se mudo.

Preciso fazer sangrar a alma
Até que a última gota se transforme em lágrima.

Nem só de risos vive o palhaço.

Preciso recriar a noite com seus mistérios
Para encontrar o amor das prostitutas
E a solidariedade dos embriagados.

Preciso... Ah! Como eu preciso ser
Muito mais do que um demônio
Para enfeitiçar o tempo.

Preciso encontrar um velho amigo
Mesmo que apoiado em muletas
Ele possa ouvir a minha solidão.

Preciso tatuar no vento a imagem do teu corpo
Para que as tempestades sejam perfumadas.

Preciso decifrar a esfinge
Que se esconde em tua alma
Para não ser devorado
Pelos germes da incompreensão.

Preciso brincar com as crianças

Que visitarão o meu túmulo
Em busca do último verso:
A elas pertencem o reino das palavras.

Preciso ouvir o canto das sereias
Para que a minha canção seja imortalizada.

Preciso inverter o percurso do sol
Para reinventar a humanidade.

Preciso! Ah! Como eu preciso!




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