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 ExplicandaeData 29/04/2014 16:55:06 | Tópico: Poemas
 
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 As rimas são como sanções.
 Eu recebo o fluxo vindo de um além.
 Vem em forma de vultos, palavras,
 imagens embaraçadas
 e um falso fio de meada.
 Vou colocando no papel de vidro.
 Dedos ágeis tilintando a inspiração.
 Vou-te fazendo carne, letra.
 Vou te dando matéria mais
 para ferir-me os olhos
 e o que chamo coração.
 Para ferir outros,
 cegar-lhes de luz e visão.
 E a linha torta vai se alinhando
 ou desatremando-se,
 tremendo de frio.
 Na corda bamba,
 a inspiração amorfa
 vai tomando forma
 de mosquito metamórfico.
 Nem posso parar para pensar
 em palavras para combinar.
 O pensamento também é sanção.
 Pensar sobre a coisa que vem
 no fluxo,
 atrapalha a criação.
 Só coloco pontos finais.
 Mudo de linhas rapidamente
 quando penso que a mini ideia parou.
 Vírgulas só depois
 do almoço com baião de dois.
 Vírgulas são pedras no caminho
 da Polímnia passar.
 Anda, Lola, corra, vem,
 a linha começa a falhar.
 Depois te dou vírgulas,
 Lola,
 para você respirar.
 Eis que chega o apagão.
 As mãos, paradas
 não tilintam nada
 e só se ouve o silêncio
 de onde vinha o fluxo.
 
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