
Contatos - cap. V - Epílogo
Data 05/05/2014 13:25:47 | Tópico: Poemas
| CONTATOS PARTE V EPÍLOGO Os trigêmeos eram sucesso absoluto. Caio, ator, tinha como responsável por si, sua irmã Norma. Era ela quem cuidava dos seus interesses profissionais. Kléber, o jogador, tinha em seu irmão Wagner seu empresário e procurador, enquanto Danilo, o cantor, era empresariado por Sílvio e Geraldo, irmãos. Estavam distantes um do outro, mas sempre buscavam se comunicar-se entre si, pois, eram ligadíssimos, não só entre eles mesmos, porém à mãe, Emília. Danilo morava com a genitora, era o único que Emília havia por perto, já que os outros dois residiam fora. Nas férias de fim de ano estavam todos juntos, a família inteira se reunia na antiga residência. O momento era de festejos natalinos e todos já haviam chegado. Neste dia, à noite, Danilo faria um “show” num grande clube da cidade e todos foram prestigiá-lo. Na hora do espetáculo, Danilo chamara ao palco os dois irmãos e eles se misturavam e como estavam vestidos igualmente, ficava impossível até para os familiares dizerem quem é quem. O público vibrava, ovacionava, gritava e muitos iam aos prantos, porque queriam porque queriam chegar próximo aos ídolos. No meio do “show” a segurança deu um vacilo e um garoto de 14 anos invadiu o palco. Agarrou-se a Danilo, beijava-o sem cessar e deu o maior trabalho para que o afastassem. Quando todos pensavam que tudo houvesse se resolvido, eis que o mesmo garoto outra vez invadiu o palco e novamente se agarra ao ídolo. Danilo o abraçou, pediu à segurança que o deixassem e colocou o invasor num lugar especial, teria uma conversa com ele nos camarins. Quando o espetáculo terminou, Danilo o levou até os camarins e se iniciou um diálogo. - Como é seu nome? – Perguntou. - Chamo-me George – respondeu o intruso fã. - Por que você invadiu o palco desta forma, até atrapalhando a apresentação? – Novamente Danilo interrogou. - Ah... cara! Você é meu maior ídolo, sou louco por você, adoro suas canções...- respondeu George. - Qual sua idade? – Outra vez Danilo questionou. - Amanhã completo 15 anos – disse – um ano menos que você. - Está sempre presente em meus “shows”? - Claro, nunca perdi um, é sério! - Eu acredito – disse Danilo – como presente de aniversário, levá-lo-ei comigo hoje para minha casa. Passará o dia amanhã em minha companhia e na dos meus irmãos. Quer? - Nossa! – espantou-se o garoto – Este é o melhor presente que eu poderia ganhar. Quero sim, posso sim... – concluiu, chorando de alegria. - Como comunicar aos seus pais? – Indagou Danilo. - Se você permitir, quando chegarmos à sua casa eu ligo para eles avisando. - Eu permito – confirmou Danilo – Venha, acompanhe-me. George o seguiu com o braço sobre o ombro do ídolo. Certamente, naquele instante, não se lembrava do resto do mundo. Durante a viagem até a residência, Danilo conversou com George e pediu a ele. - Por favor, veja o que estou a fazer por você, só peço que nunca diga aos outros onde fica minha casa, caso contrário nunca mais o receberei, entendido? - Entendido. Pode ficar certo de que guardarei este segredo. – Prometeu George. George foi apresentado aos outros irmãos de Danilo: Caio e Kléber. Estavam todos juntos no terraço da residência. - Nossa! Como vocês são lindos! – Elogiou George – mas eu sou homem, viu? Todos riram. - Posso telefonar para minha casa e comunicar aos meus pais? – George pediu. - Tome, disse Danilo, ligue aqui do meu celular. George fez a ligação e seus pais ficaram contentes porque o filho estava a realizar um sonho. - Amanhã, minha mãe, ele manda o motorista deixar-me em casa. Pode ficar tranquila. Até! - E a? – perguntou Danilo – eles se aborreceram? - Que nada! Compreenderam que é um presente de aniversário. – Justificou George. Danilo e os irmãos levaram George até a cozinha e, lá, apresentaram ele à Emília. - George – disse Danilo – esta é nossa mãe. - Olá, senhora! Boa noite! - Oi, tudo bem? Quem é este garoto tão lindo, Danilo? - É um fã, mainha. Aquele que invadiu o palco por duas vezes. Amanhã é o aniversário de 15 anos dele, então resolvi presenteá-lo, deixando-o passar esta noite conosco até a tarde do dia seguinte. – Relatou Danilo. - Fez muito bem, mais um amigo que você ganhou, não é...? - George, senhora... - Emília, sua amiga! Apertaram as mãos e deram um forte abraço. - Está com fome, George? – Perguntou Kléber. - Para falar a verdade, estou. O que vamos comer? Foi Caio quem respondeu. - Macarronada com atum. Gosta? - Adoro. E para beber? Novamente Caio respondeu. - Qualquer refrigerante que você escolha, ou se preferir, um delicioso suco de abacaxi. - Prefiro o suco de abacaxi – colocou George – refrigerante engorda. E comeram até fartarem-se. Emília despediu-se da garotada, estava cansada e com sono. - Até amanhã, garotos, durmam bem. Todos se dirigiram até Emília e a beijaram. A meninada ficou a sós, então Kléber teve uma ideia. - Você gosta de piscina, George? Sabe nadar? - Sim, gosto de piscina e sei nadar muito bem, só não posso tomar banho.. - Por que? – Indagou Caio. - Porque não trouxe comigo roupa adequada. – Respondeu George. - Não está de cueca? – Interrogou Caio, novamente. - Estou... - Então pronto, resolvido o problema. Saíram da cozinha e se foram para o quarto onde os garotos dormiam. Lá todos se despiram e ficaram de cuecas e, assim vestidos, se dirigiram à piscina. - Minha cueca é branca – disse George – nem me lembrei disso, deve estar aparecendo tudo... - Para ser sincero, está – confirmou Kléber – porém não prestamos atenção a isso, pode tomar seu banho de piscina tranquilo. Positivamente fora uma noite feliz no calendário de George. Além de conseguir encontrar-se ao lado de seus ídolos, ainda os tinha ali perto de si e na maior intimidade. Estava no mundo da lua e realmente ficaram todos totalmente desnudos quando deram por encerrado o banho e foram para o banheiro tomar banho e tirar o cloro do cabelo. George ficou meio constrangido, mas como os três estavam sem nada, logo ficou também. E o banho foi uma grande anarquia, um jogando água no outro. Depois deram a ele uma toalha e um caução emprestado para dormir. A cueca molhada, ele a deixou estendida no banheiro para secar. Eram duas e meia da manhã quando se deitaram, contudo o sono estava longe de chegar e ficaram a papear. Dialogaram sobre alguns assuntos até que Caio e Kléber finalmente dormiram e George e Danilo ficaram ainda acordados. Danilo pediu. - Vem para cá, fica aqui na mesma cama, assim podemos conversar e não acordamos quem está a dormir. George não cabia em si de contentamento. - Está feliz com o presente que recebeu de nós? - Danilo perguntou. - Então... – Respondeu George. - Você usa relógio? – De novo Danilo interrogou. - Uso, mas o meu roubaram e ainda não pude comprar outro. - Amanhã vai ganhar um novinho em folha- afirmou Danilo – tenho aí guardado um ainda na caixa, nem usei ainda. Darei de presente pelo seu aniversário. - Sério? – Emocionou-se George, sem acreditar direito no que ouvia. - Sim. Logo cedo o darei a você – Danilo confirmou – Diga-me uma coisa: por que gosta tanto de mim assim? - Difícil de responder – explicou George – Para o amor não há explicação e eu o amo muito como meu ídolo que é... amor de fã! - Eu sei, agora vamos dormir que já estou com sono. E adormeceram. Acordaram-se por volta das 9 horas. Arrumaram-se e foram tomar o café da manhã. Foi um dia inesquecível para George. No final da tarde, Danilo pediu ao motorista que o deixasse em casa. - Obrigado por tudo, Danilo. Agora somos amigos. Adorei o relógio. Beijou Danilo no rosto e foi embora, até parecia que havia ganho um prêmio da loteria. - Até – disse Danilo – Feliz Natal para você e seus familiares. Após os festejos de final de ano, os trigêmeos voltariam a separar-se, cada qual seguiria seu destino, só que nos primeiros dias janeiro, antes de Caio e Kléber viajarem, Emília sentiu-se mal e nem houve tempo para socorrê-la. Um colapso fulminante a levou para os céus, onde certamente encontrar-se-ia com Vinícius, o grande amor de sua vida. Os trigêmeos ficaram tristes, assim como todos os membros daquela família. Suas vidas seguiriam adiante e todos necessitavam viver. Cada vez mais Caio, Kléber e Danilo faziam sucesso, cada vez mais ficavam mais ricos e, assim, seguiam os dias futuros de suas existências: ora casando, ora separando, ora casando outra vez... Por ironia do destino, nunca poderiam ser pais, pois, coincidentemente, os três eram estéreis. FIM
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