Rude destino

Data 08/05/2014 21:13:36 | Tópico: Poemas

Ferem-se as gargantas na secura
em que o pranto nos magoa o imo,
redopio pelas gentes da brandura
perante as bolsas sem ter cêntimo.

Esfregam-se parapeitos sem visão
retinas soltas dos esquecimentos,
nas pálpebras que tapam a ilusão
entre deixas dos últimos lamentos.

Secam-se as veias até à exaustão
chupam o tutano de todos os ossos
e aspiram os restos da solidão.

Filtram colheitas de simples tremoços
sugam-nos quase tudo de antemão,
por fim, ficam de nós meros destroços.

António MR Martins



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