
35ª foto - Cenas de arraial
Data 09/05/2014 23:00:42 | Tópico: Textos
| Um tipo passou-se da marmita e deu, de chofre, uma traulitada na cachimónia do outro. Foi gesto enraivado e de potência marcada. Tudo por causa da flausina de decote até ao umbigo e minissaia até às nádegas, que se bamboleava, redonda, à frente da chusma. O raio da sirigaita era provocadora, não que fosse uma figura limpa mas porque se insinuava e explicitava. A coisa tinha que azedar algum dia. Foi hoje. Quando o Licas, qual patego preso pelo beicinho e para mais com muitas minis emborcadas, se apercebeu que o outro (que não era flor que se cheirasse) se armou em alarve, chegando as mãos ao bolo, foi o que se viu. Arranjou-se logo ali um trinta e um capaz de derrubar paredes. O Licas ainda espumava que nem perdido e já o outro dava por si estatelado ao comprido na calçada. O bailarico parou por momentos e os atónitos foliões tentaram perceber o imbróglio. Foi coisa de pouca dura. Num instante começaram a voar copos, garrafas, punhos e cadeiras. Deu-se um arranca rabos digno do melhor arraial. Elas arrancavam os cabelos umas às outras e praguejavam em agudos estridentes. Eles esmurravam e pontapeavam, numa algazarra que ninguém entendia. A autoridade fugia para os carros de serviço e as ambulâncias ficaram quietinhas à espera de clientela. Aquilo durou para lá de três quartos de hora. No fim, depois de já ninguém se aguentar em pé, por entre as dentaduras destruídas e as vestimentas estraçalhadas, todos engoliram mais umas minis e ficaram com dizeres para a volta das tascas no dia seguinte. O Licas, esse herói, recebeu uns carinhos da magana amagou-se refastelado no seu colo.
|
|