mea culpa

Data 13/05/2014 16:02:13 | Tópico: Poemas



só me resta a pena
a pena com que escrevo todos os dias
de não escrever coisa nenhuma,
de mergulhar dentro de um jarro de magnólias
esculpidas de preguiça e de humores
roubados ao tempo que lamento
nunca ter tempo
e, tu sempre em vigília
a ver-me adiar o salto mortal
que poria qualquer sonho em euforia
e libertaria a pena que secou
dentro deste corpo vazio
rendido às plataformas de asfalto
a pedir à consciência
que se mantenha em equilíbrio
e à sombra que se dobre em duas,
resta-me a pena
e as entre linhas do medo
a morderem-me o luto que nunca farei

Conceição Bernardino



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