soneto da alma que queima

Data 15/05/2014 09:18:15 | Tópico: Sonetos

“ E da entrada não longe ainda estando,
Eis um clarão brilhante divisamos
Das trevas o hemisfério alumiando.

Dali distantes ainda nos achamos
Não tanto, que eu não discernisse em parte
Que à sede de almas nobres caminhamos.”

A Divina Comédia - Inferno – canto IV




Imagem na janela sem cortinas que treme ansiosa,
meio à escuridão da noite, seja por glória ou poder;
observando a alma mesmo a queimar, chama ditosa
da imortal desventura, no âmago não quer entender.

Novamente ao ledo triunfo assente sua vida remota,
saberá por que sua alma queima, quem a ela domina.
Poderá prever onde a procela vai soprar, qual a rota,
vaticinar de que bizarro ninho a tempestade germina

No turbilhão dos seus desejos, rio tangível se aquieta,
estafado das realidades cruas dos dias, alma saudosa,
logo assoma ágil e rápida e aos assombros interpreta,
fugindo de palavras habituais faz da lição proveitosa.

Sempre haja curso luz do dia, desde aurora errante,
a deixá-lo contar sonhos envoltos e clarão brilhante.




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