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 Nada LíricoData 19/05/2014 15:28:00 | Tópico: Poemas
 
 |  | Se se sente só e a distância Mordisca as vísceras dolentes
 O Tempo com seus vários dentes
 Nos rouba pouco a pouco a infância.
 
 E, assim,  vai acabando nossa tolerância
 E nos invade uma dor ferina e profunda
 Que não há razão que explique ou ciência
 Que nos salve quando nossa nau nos afunda.
 
 E os toques não dados e os beijos não sentidos
 Se tornam sonhos alados, meninos fingidos
 Fugidos do Paraíso e caídos como o mito de Ícaro
 Num oceano de tristezas, malvadezas e azulino.
 
 E o dia se torna cinzento, chuvoso de um líquido
 Que vai caindo fino, lavando os beirais dos passarinhos,
 Molhando as faces deixando-as com um brilho argentino
 Que reverbera toda dor contida que vai roendo o intestino.
 
 E assim me perco nas palavras e no exacerbado lirismo
 Que trago comigo desde a mais tenra e tênue meninice
 Ligando uma ponta a outra ponta que me é a velhice
 Que pouco a pouco vai me matando... Me consumindo.
 
 
 
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