
soneto da agonia
Data 21/05/2014 13:29:30 | Tópico: Poemas
| “Quando os doces suspiros só se ouviam, Como, em que Amor mostrar-vos há querido Os desejos, que ainda se escondiam?” —
— “Não há” — disse — “tormento mais dorido Que recordar o tempo venturoso Na desgraça. Teu Mestre o tem sentido “
A Divina Comédia – Inferno – canto V
De tristezas, não havia ainda vivido tempo tão profundo, agora não se tem a pessoa amada, alma não compreendia; por que, em meio a toda a multidão, sentia só no mundo, a dor estava muito além do que as forças, a razão exigia.
Desperdício sofrer como os mártires da fé, ter sequelas, insaciável este amor. Dele vivia, ignorando ser preterido. Quando vieram solidão e saudades, já habitei entre elas, tentei livrar-me, envidando tanto esforço, até desabrido.
Estavam sempre com você, alma e meu corpo desejoso, ansiando pelos carinhos, anelo tanta sedução e seu afeto, ora há apenas o corpo, aqui, triste e taciturno, lastimoso.
Não foi sonho, pesadelo, foi a realidade fazendo entrada; Dos rostos e faces, interessa apenas seu sorriso dileto, na galeria do mundo, para mim restou agonia desditada.
[ tanta, tanta agonia como a sentiu Francesca, desditosa,
recordando tempos felizes
na miséria d’alma.]
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