Palmeira Amada

Data 29/05/2014 00:31:23 | Tópico: Poemas

Ontem eu me desfiz dos meus poemas
Hoje eu desfaço a maquiagem de palhaço
Não que eu tenha um coração feito de aço
Mas é que só tenho arrumado problemas.

Sou permitido a amar uma única vez apenas.
Correntes espessas circundam o meu coração
As palavras que utilizo as vezes são amenas
Meros paliativos para minha falta de inspiração.

Quem me dera fosse eu um pássaro dentre
Tantos outros pássaros felizes em voo pleno.
Mas o que sinto carrego preso dentro do ventre
Um rebento que nasce todo dia bem pequeno.

Por vezes me perco olhando a lua no sereno
Impressiona-me a imensidão estelar e celestial.
Parece-me que me foge do mundo todo o mal
Mas quando baixo os olhos nada mais me dá alento.

Por vezes vejo um brilho de uma estrela amarelada
E fico a pensar comigo se alguém pode também vê-la.
Ah! Como foi injusto conosco a Natura, mulher amada!
Amar-te apenas visionando aquela longínqua estrela!

Tristonho bate o meu peito disparate e em disparada.
Fantasma em meus piores pesadelos por mim chama
Noites mal dormidas fico a rolar para lá e para cá na cama
Enquanto lá fora a lua deixa o orvalho na relva argentada.

Não sei mais o que digo, nem o que eu vou fazer.
Faço conchas com as mãos para cobrir o meu rosto
Bebo as lágrimas minhas que me dão salgado gosto
Nessas horas amarguradas sinto até que vou morrer.

Noite fria, solitária tendendo fortemente a geada.
Nada nem ninguém para um cafuné ou um acalanto.
Sozinho na madrugada vertendo riachos de pranto
Pois sem a Palmeira que me acoberte não sou nada.



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