
Lampião (Cordel)
Data 30/05/2014 14:10:01 | Tópico: Textos -> Outros
| Lampião
Estou aqui minha gente, vim fazendo alarido, pra vos falar francamente, de quem nunca foi bandido: ele foi cabra valente como tantos já nascido.
Conforme diz a história, assassinaram seus pais, família simples sem glória e humildes por demais: cuidavam dos afazeres e viviam em plena paz.
Pra vingar seus genitores, ele virou justiceiro. Cansado dos malfeitores, decidiu ser cangaceiro; pois o sangue em suas veias, fervilhava o tempo inteiro.
Quando saía aos arredores da vila, onde morava, ele via muita maldade, com as quais não concordava: quanto mais maldade via, mais e mais se revoltava.
E, numa dessas andanças, conheceu Maria Bonita, a paixão lhe veio ao peito e deixou sua alma aflita; falou pro marido dela: vou levá-la, nem que grita.
Assim foi dito e feito, ele a levou embora, o marido, bom sujeito, até hoje inda chora de saudades da amada e tão prendada senhora.
Ela, toda enamorada, deixou o pobre na mão, e foi por outra estrada, nos braços de Lampião: muito feliz e contente, num lombo de um alazão.
E se foram, ele e ela, juntamente com o bando, se embrenharam nas caatingas, só saiam de quando em quando: apenas pra ter notícias, do que estava se passando.
Até que, infelizmente, a volante os encontraram, e em cima daquela gente, suas armas dispararam: Lampião e Maria Bonita, para sempre se calaram.
O que mais me causa espanto e me põe aborrecido. O Lampião nunca foi santo, mas também não foi bandido: na verdade foi herói, de um povo tão sofrido.
Aqui vai se aproximando, o final deste cordel. Lampião e Maria Bonita, estão vivos lá no céu, e um anjo me contou: que estão em lua de mel.
E agora meus leitores, vou comer o peixe atum. Temperado com licores, com farofa e jerimum: Deus proteja vocês, e também Roberto Jun.
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