Mau(olhado)

Data 04/06/2014 11:16:25 | Tópico: Poemas

Mastigou em seco, terra adentro
bocejou a noite, rio afora
mau-olhado, descaindo o corpo
como lobo esfomeado
insinuou-se, vento arauto
e na multiplicidade das horas
espírito incauto

Excomungado,
em morros cristalizados de sal
cascatas amansavam-lhe o ventre
ainda em modo crescente
alimentado do pólen rosado
a nascer-lhe no peito

O musgo,
fruto de geração fortuita
ensopou-se do mel fabricado in loco

Enxames mortíferos
proliferam ainda o côncavo dos ninhos
onde seus olhos se alimentam

Mas inadaptados à nova flora ocasional
do acto em si, por si só
esconjurado e ramificado
é a alma do deserto

Dakini


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