Embaidor

Data 19/01/2008 16:14:14 | Tópico: Prosas Poéticas

O amor que me deste
(Já que assim o chamava)
Fora o motivo do meu desconsolo.
Destelhou as estrelas do meu amar,
Amuou o sentido do meu viver
Embaçou o vidro do meu gostar
E fizera do gosto nódoa
Para não mais se esquecer.

O amor que me deste,
(Com ele assim me enganava)
Entorpeceu o meu sonhar
Fora desgosto somado
Num tanto mais de dor aguda,
Muda...
A mim fora implícito no então momento
Mas logo se esvoaçou, como amargura
Talhada, para além do tormento.

Talvez por isso devo-lhe gratidão,
Já que conhecendo parte do que vi,
Gostei, e chamei de céu.
Então...
Agora, condenado a desventura,
Vejo o inferno, e com cá me calha,
Ter uma gota de orvalho,
Que me descanse a alma,
Que me devolva a calma,
Aquela mesma a qual jamais me deste
Mas ao ver-me á amar-te,
Livrei-me desta peste,
A mesma que agora torna a me matar...

O amor que me deste
(Que apenas me enleava)
Apodreceu-se por entre os dedos,
Corroeu-me a letra tensa,
Desde então(em dor) se revelou
A mim todos os segredos.
Assombram-me as sombras, ficam,
A dor, aguda, vazia, imensa....
A morte(em beijos) destilam.





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