A Dona de Casa

Data 09/06/2014 23:58:24 | Tópico: Crónicas



A Dona de Casa
by Betha Mendonça

Seis horas da matina. Melhor do sono. Toca o celular. Com sobrenatural esforço, eu abro as pálpebras do olho direito, enquanto com o esquerdo aproveito para dormir mais um pouquinho. Depois de atender o controle da TV, do som e do ar condicionado... Resmungo ao telefone:
- Hain?
- Alôôô! Alguém responde.
- Hein? Mmmnn... Oi?
- Patroa! Sou eu: a Jovina!

Jovina... Jovina... Jovina... Chacoalhava o meu cérebro na tentativa de decodificar um enigma tão grande de manhã cedinho.
- É engano! Não conheço nenhuma Jo... Jovina? E desperta abri os dois olhos.
- Eu, sim, senhora! O meu marido foi operado do apêndice e não vou trabalhar hoje. Cai a ligação. Tentei ligar de volta para ela. Assuntar. Nada. Literalmente lancei-me da cama ao chão. Arrastando feito uma jiboia alcancei o banheiro para toalete matinal. Dia útil da semana sem a Jovina... O que seria de mim?

Despachei o povo da casa após o café. Lavei pilhas de louças da noite anterior e do café da manhã do dia. Uma geral nos quartos e banheiros. Uma arrumadinha na sala. Quase a metade do dia... Duas bacias cheias de roupas de molho (a máquina de lavar estava quebrada e o técnico da autorizada ainda não viera) afligiam meus nervos.

Sentei na cozinha com uma caneca de café na mão. Sentia-me desprotegida a cada gole da bebida quente. Pensei em dar uma chorada básica, mas lembrei da minha força interior. Voltei à área de serviço. Olhei para as roupas nas bacias e disse:
- Meninas! Sei que estão com frio, mas aguentem firmes até a Jovina voltar!
Na cozinha:
- Louças cuidem-se! Nada de sujeira!
Ao piso:
- Mantenha-se desencardido, faz favor!
E fui assistir ao Hoje em Dia a espera do almoço que pedira para um serviço delivery, e, carregar as baterias para meu trabalho na UMES de tarde.

*Imagem Google



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=272204