um tema abatido

Data 16/06/2014 15:59:40 | Tópico: Poemas


quando amei, quis doar rosas
sem achaques
e espezinhes...
mas mutilei muitas roseiras
sem me importar
com a vingança dos espinhos.

quando amei, não me importei
se do outro viria amor ou, apenas,
o fogo breve da paixão...
o que importava era ser
entrega inteira

quando amei, sai juntando
pétalas murchas do chão.
não me desesperei. o amor sempre
dá um jeito de transformar-se
adubo para amigável afeição.

quando amei, acarinhei mãos vazias
de qualquer envolvente expressão
e doei-me vaso amigo para
dar vida às sobras das flores

quando amei, entendi que três quartos
da vida são feitos de rejeição e
não houve surpresa, quando o vaso
se espatifou no chão

quando amei, compreendi que
flores não florescem em terrenos volúveis,
e que às vezes é preciso fechar a janela
para hibernar sonhando com possível
primavera.

quando amei, percebi
que chorar em silêncio e no escuro
dói mais que refazer canteiros de
roseiras...






II

trago um poema
de tema batido
e abatido

trago entre as mãos
a dor de um sentimento
vencido

trago um tema de amor, esse
que ostenta tantas faces.
não sei dizer com a qual ele
mais arde...

se passional,
fraternal,
amigável
ou se com a fúria irracional
do animal




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