Vergo-me, semi-nova

Data 22/01/2008 08:04:48 | Tópico: Poemas -> Surrealistas

Do granizar do vento a penetrar a carne crua
de parras transactas em secular figueira
- quiçá sortes taurinas a rasgar rios sem margens
em margens depósitas d’aluvião.
Do zinco quente sob a palma gélida e tão ausente
do verbo
espalmado às mãos aduncas em olhos de carícias,
o desassossego imerge
se, no sigilar dos telhados ruflam ‘inda asas acesas,
em estridências afogueadas de tão rubras,
na ousadia de se amarinharem a si mesmas profanas
por escarpas e enseadas …

[Tu tens os astros, amado,
se de mim se soltam dos pés, os caminhos,
os passos, em frenesi de peito
p’lo rastilho silenciado da pólvora].

Vergo-me, semi-nova,
num tamborilar de nervos d’aço encharcados p’lo luar
e, a um só espaço, o Sol e a soidade
se ombreiam desmedidos em bridas de tarde
p’las esquinas angulosas da cidade.



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