sempre haverá um barco a seguir

Data 17/06/2014 15:36:41 | Tópico: Poemas -> Introspecção

o sol adentrou a boca e trespassou a nuca.
caiu em horizonte perdido numa costa de montanha,
rumo olvidado a acolher exilado
do nascente, quando o repiquete surra o mar.

dar-te-ia todas as ondas enfurecidas
que cresceram nos olhos,
empurrando âmbares para abissais.

nas represas, soluçam palavras em abandono,
órfãs da fervura desse sol fugitivo.
e se não fossem os diques rompidos na fragilidades dos dedos,
espumas não lamberiam as dunas.

como gostaria de esculpir nas curvas
que o vento formou,
um rosto adorando gaivotas,
fatiando espessos nevoeiros.
pássaros contristes ladeando veleiros.

sou aquele devaneio sem timão balançando à deriva e
encalhando sempre na promessa de encontrar a carência de um porto.

e bastaria teu mover de lábios para que
rotas se abrissem fazendo o sol voltar
a perambular nestas linhas.


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