[quando um dia pela noite me levares as palavras sê breve]

Data 18/06/2014 05:22:31 | Tópico: Poemas

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I

quando um dia pela noite me levares as palavras sê breve
símile às ondas gigantes que arrastam homens para lugar nenhum fim do mundo ou desta Terra que jamais será minha mesmo pelas janelas entreabertas dos sonhos sem vidros das fúrias triviais.


Antes deixa-me acender mais um cigarro sempre longe demais
nessa vertiginosa distância que me separa sempre
dessas cousas de que se riem sombras desajeitadas
ou visões empobrecidas de nadas

são viagens apenas viagens.

Talvez me peregrine em mim despojado dos cantos cardeais
por esse mar imperfeito
onde tudo se transforma até o adormecer
quando a partida me excede me reinventa a cada novo navegar
sem destino ou grito.

Escolhas Dir-me-ás
pela luz exuberante dos reflexos a bombordo
olhando mimosas penduradas nas nuvens que se acumulam de tão dispersas.

Quando um dia pela alvorada me chamares
fingirei ser um dos outros que me habita Desnuda jaz esgotado
vai-se o tempo assim resistindo devagar
mesmo que o espaço se fixe pelas constelações que avisto paradas.

II

Deseja-me um até amanhã
inventado
apaixonado

sem nexo

quando um dia pela noite me levares por esse rio acima que nasce do mar
em sossego

finalmente
ao ver-te.


(Ricardo Pocinho)


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