Sei-me Parauara

Data 19/06/2014 17:00:20 | Tópico: Poemas

Sei-me Parauara
by Betha Mendonça

Meu saber tem olhos de menina perdida,
Que se movem sapecas para o amanhã,
Abaixo de cílios e sobrancelhas tímidas,
Penteadas pelas mãos do dia de ontem.

Na sua boca pequena de muitos beijos,
O meu saber é bem rosado de desejos,
Pela tintura de um batom carmesim,
Em lábios que calam suas verdades.

Os cabelos negros e lisos que se sabem,
Têm as noites marajoaras em cada fio,
E o balanço dos barcos na orla da Baía,
Ao sabor do vento morno deste seu norte.

É um saber de nariz com raízes indígenas,
Que cheira no ar sutilezas e desconfianças,
E traz guardado em cada um dos seus pelos,
Os vários odores do Ver-o-Peso e das ilhas.

Todo o meu saber e ser emolduram-se,
Em desenhos verdes e amarelos delicados,
De folhas das imensas e velhas mangueiras,
Que caem em chuvas nas ruas de Belém...


*Parauara vem do tupi. Para=água, mar e wara=o que veio ou nascido de. Nascido no Pará.



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