Corpo-de-Memória

Data 02/07/2014 14:06:29 | Tópico: Sonetos

Arde em mim ainda um Passado muito ausente.
Corpo-de-Memória, d'outro Tempo, vergastado,
vencido, ardiloso, penetrante, que consente,
que meu Ser esteja ainda, entre ferros amarrado!

São raivas da infância qu'inda ranjo entre dentes.
Eram cães, ladrando perto, deixando-me atormentado ...
Monstros, ilusões, sonhos e delírios - obtusos e dementes -
"índios educados" qu'inda vivem meu Passado ...

Mas há-de isto chegar ao fim!!!
Não sou nada! Não tenho nada!
Nem Pai nem Mãe! Nasci de mim ...

Porém, avançar é tudo o que me apraz,
nasci do Nada sendo Tudo e venci. Alma abandonada,
que agora, encontrada, já respira Paz! ...


Ricardo Louro
no Chiado


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=273768