Há em toda a beleza uma amargura (Walter Benjamin)

Data 03/07/2014 01:10:36 | Tópico: Sonetos


Há em toda a beleza uma amargura
secreta e confundida que é latente
ambígua indecifrável duplamente
oculta a si e a quem a olhar obscura

Não fica igual aos vivos no que dura
e não a pode entender qualquer vivente
qual no cabelo orvalho ou brisa rente
quanto mais perto mais se desfigura

Ficando como Helena à luz do ocaso
a língua dos dois reinos nâo lhe é azo
senão de apartar tranças ofuscante

Mas à tua beleza não foi dado
qual morte a abrir teu juvenil estado
crescer e nomear-se em cada instante?

Walter Benjamin, (1892-1940), filósofo alemão, in "Sonetos". Tradução de Vasco Graça Moura



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