[o céu tornou-se negro dos desejos inúteis sem pensar]

Data 09/07/2014 18:25:56 | Tópico: Poemas

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o céu tornou-se negro dos desejos inúteis sem pensar
cobrindo-me das cinzas que restam. e mesmo que qualquer texto
possa servir de posfácio servido à mesa de um bar por entre cadáveres
tal a magreza das peles estáticas

vejo o abanar dos braços erguidos
asas escondendo-se do amanhecer.


desejo-te nua regressando à tona da água virada a sul
desarrumando espelhos insurrectos que antes refletiam malmequeres
sob um sol escaldante

não me perguntes qual a canção que repito
quando as luzes se escurecem
terminado o prazo que me morre descontrolado.

I

Embaça-me o brilho dos olhos
libertos para avistar a tal praia desconhecida
(um horizonte onde se põe um arco-íris em fogo)

nem a cendrada luz enegrecendo o dia
pelas setas lançadas na medida exata

me impede de habitar-te

desassossegada.

II

Habitando-me por fim.


(Ricardo Pocinho)


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