BORBULHAS

Data 20/07/2014 13:53:59 | Tópico: Textos


Depois de desarrumar o sorriso no rosto, pensei ter visto minha face borbulhando na lua. Estava convicta de que aquela noite seria a derradeira e talvez tenha sido. Sorri, chorei, vibrei, abri e fechei os braços como um abraço eterno por todas as outras noites, por todos os incansáveis dias frios, por toda a mansidão que escondia as tormentas por dentro da menina, uma genuína rebeldia.
Cantarolei, dancei, experimentei a fúria e a mansidão como se beber do cálice da vida, fosse, ingerir uma iguaria rara num momento de muita fome. A avidez suplantou a calma e em nenhum momento consegui imaginar que estava tendo a chance, a chance única de me salvar de mim.
Era uma noite tão morna, tão negra, que poderia ter adormecido sob o convite dos sonhos.
Mas o tempo virou não sei se contra ou ao meu favor e amanheci sem saber em que pedaço do céu havia me encaixado.

Talvez não seja nem mesmo um mau céu, nem mesmo um bom inferno...


(Em 17/02/2014)


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