Eu Era um Rio..

Data 29/07/2014 21:10:18 | Tópico: Poemas

Repouso sob árvores umbrosas
Em dias de um estafante verão
Trago um livro em minhas mãos
Que me leva para terra das rosas.

Delicio-me com as tantas aventuras
Que viajo para aquilo que eu leio
Sem perceber me encontro no meio
Dos amores, dos confrontos, das lutas.

E, do nada, salto por cima do mundo
E num segundo me encontro com Pança
No outro segundo vejo Byron ainda criança
E de Dickens percorro Londres pelo subúrbio.

E não volto assim a realidade. O distúrbio
Causado pelos carros passando no vai e vem.
Assim me vejo correndo junto com os hunos
Ao mesmo tempo que ouço os sinos de Belém.

E vejo os tijolos contruindo as muralhas da China
Assisto de camarote a queda vitoriosa da Bastilha
Dou duas voltas ao mundo em oitenta e oito dias
E com Júlio Verne viajo mais mil léguas submarinas.

Mas, que pena, o poema necessita ser findo.
Então me despeço com minha embargada voz
Pensando no poema do Bauleraire, O Albatroz,
Lembrando um outro poema onde eu era um rio.
Não. Eu era um tio bêbado chegando na casa do sobrinho.
Não tenho certeza. Acho que era um verso do Murilo.





Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=275637