Deslealdade (Konstantinos Kavafis)
Data 02/08/2014 14:10:52 | Tópico: Poemas -> Fantasia
| Ora, louvando muita coisa em Homero, não louvaremos isto... nem em Ésquilo, quando faz Tétis dizer que Apolo, ao cantar nos seus esponsais “... exaltara a sua bela progénie, de vida livre de doenças e longa duração. Depois de prometer que os deuses protegiam meu fado entoou o péan, para minha alegria. Julgava eu que era sem dolo, de Febo a boca imortal, plena da arte dos oráculos. E ele, o mesmo que cantou este hino... - ele mesmo é que o matou esse filho meu.” Platão - "República", Livro II Durante o casamento de Tétis com Peleu, ergueu‑se o deus Apolo na mesa resplandente da boda, abençoando os nubentes pelo filho que havia de nascer daquela sua união.
Disse: "Não há doença que eu veja que o atinja, não o verás morrer." ‑ E quando o deus isso disse, muito se alegrou Tétis, porque nessas palavras de Apolo, que sabia tudo das profecias, viu ela garantia para a vida do filho.
E quando ia crescendo Aquiles e já então A sua formosura a Tessália enaltecia, Tétis se recordava do dito da deidade.
Mas um dia chegaram uns velhos com notícias e contaram a morte de Aquiles junto a Tróia. E então rasgou Tétis suas vestes de púrpura e de si arrancou e logo deitou a terra todos os braceletes e todos os anéis.
E em meio dos lamentos recordou o passado, perguntou que fazia esse sábio deus Apolo, mas que andava a fazer o poeta que, na boda, tão bem tinha falado, onde andava esse profeta quando na flor da idade matavam o seu filho?
E os velhos lhe tornaram que o próprio deus Apolo em pessoa descera junto à terra de Tróia e que Aquiles matara junto com os troianos. Konstantinos P. Kavafis, nasceu em Alexandria (Egito) em 1863 e morreu em 1933.
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