Demiurgo

Data 03/08/2014 15:47:49 | Tópico: Poemas

Demiurgo

Ainda que tente,
resulta sempre disforme
o mundo que tento reconstruir
com a argila que me restou.

Sou inábil demiurgo
e nem versos construo mais,
pois toda beleza
abandonou o mar da Enseada
e nem a estrada de Minas se faz caminho.

Quedo mudo, cego e surdo.
As fanfarras militares
roubaram-me a música, a voz e a cor.
Tu se foi, companheira,
em morte e cova de sete palmos.
Aqui fiquei, em cova morte menor.
Só do tamanho do peito.


Para Bete. Saudades.

Produção e divulgação de Pri Guilhen, lettré, l´art et la culture, assessoria de Imprensa e de Relações com o Público. Rio de Janeiro, inverno de 2014



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