A Solidão dos versos…

Data 06/08/2014 15:33:39 | Tópico: Poemas

Há muito que o cigarro se lambe sozinho
Num cinzeiro moldado em tosco barro,
Onde a cinza caída é pó de pergaminho
E ao lado o vinho é resto de uva num jarro.

Há muito que o cigarro não se apaga…
É gesto quieto de versos em reverso,
É boca de ilusão com vontade amarga…
E as palavras opõem-se no controverso.

Há ácaros de solidão sobre a mesa tosca,
Um vazio sobre a cadeira há muito caída
E no copo ao abandono apenas a mosca.

Está morta a mosca! Bem bebida e afogada.
Está morto o espaço sem o catarro dos risos.
Vive o fantasma, o cigarro e a pena calada.

©Maria dos Santos Alves


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