Pudera eu não te amar...

Data 11/08/2014 08:39:47 | Tópico: Poemas

A resposta desce a encosta
Presa na tua radiante beleza
Ela gosta, minha alma aposta
Numa incerteza quase certeza

Respiro para conter o suspiro
Que tarda na minha tez parda
Depois tiro o anel que é giro
Guardado na farda de guarda

Sem hesitar acenas a gritar
No teu vestido de chita tingido
Desalvoras o andar para chegar
Mas eu perdido, fiquei a sonhar

O calor cresceu, descendo o amor
Pois o sorriso era para outro juízo
A dor queimou-me o olhar e pudor
Nunca no Paraíso caiu tanto granizo

Abraçavas e nele, teu cabelo tombavas
Rindo com alegria em plena harmonia
No teu rir rasgavas, meu peito desolavas
O que eu via era o Inferno que o cobria

Eu era Adão mas tu minha Eva não
Pois nem cansado de matar meu fado
Minha mão não fez de mim bom Cristão
Nem o cano acerado da pistola a meu lado

Disparei minha raiva numa curta saraiva
O teu olhar fez o chão em mim tombar
Meu ultimo momento foi o ressentimento
Mas o Sol brilhar tinha pressa de te contar

Contou-te da covardia e desesperou-te
Gritando sem parar, choraste o meu abalar
Pois era teu irmão, não era a minha traição
Vinha na ambição de ver nossa feliz união
Viu a união do matar, a bala meu corpo roubar
Ele amparou-te, do abismo vazio afastou-te

Caíste no meu corpo e da vida desististe
O anel giro caiu perto do meu infeliz tiro
Só ele agora assiste ao drama que persiste
Um ribombar… outro tiro fez redobrar o pesar
Para o terceiro, no segundo, fazer o primeiro relembrar

Pudera eu não te amar...



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