VIDA DE RIBEIRINHO

Data 13/08/2014 10:16:47 | Tópico: Poemas


Há tempos, tornei-me ribeirinho,
Vivo a margem do lado de cá do Aqueronte!

Estou sempre às voltas com inundações,
Rio traiçoeiro, em cada enchente, leva multidões!

Nunca falta trabalho para Caronte, que – com sua barca,
Para uma viagem sem volta, alma das multidões embarca!

Vão todas para a outra margem do Aqueronte – queiram ou não,
Colher do que plantaram, conforme a Lei de ação e reação!

Caronte me espia, na torcida para que chegue logo meu dia!
Velho barqueiro, não quero fazer a passagem, por quê me vigia?

Se ao menos, como Dante, eu tivesse uma apaixonada Beatriz!
Mas a Vida me fez ribeirinho para viver sozinho – solidão ultriz!

Na verdade já nasci ribeirinho, as inundações são a saúde fragilizada!
Já molhei os pés nas águas do Aqueronte! Mas temos hora marcada!






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