cLAMOR DO VENTO VI

Data 19/08/2014 19:03:02 | Tópico: Poemas

António Casado__________ 05 Junho 2009
Publicado__________ Clamor do Vento
Registado __________ Depósito legal 306321/10
Editora__________ WorldArtFriend
Trabalho__________


ESSÊNCIA DE UMA FLOR
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Apenas isto:
Um pouco do olhar arremessado contra um muro de pedra
Mortifica-me a vontade.
Sinceramente
Já deixei de olhar o sol
Com medo de cegar.

O meu corpo pulula numa ansiedade
Tremenda
Nesta casa pequenina repleta de sombras
E de mim
Onde me perco do sofá à cama
Onde encharco de limos
Os passos que foram nossos
Os beijos que trocámos
Os sorrisos com que nos brindámos…

Perco-me neste estreito labirinto
De desenhos a carvão
Silhuetas, sombras… E não.

O amor solta-se do peito
Para rir de mim a cada passada…
Faz ecoar pelas paredes
Um “dejá vu”:
- Agora já foi.
Chegou a hora de cruzar o Hades
Como aquele vigoroso náufrago
Que se absteve de nadar.

Como um cavalo ávido de ternura fixo o teu olhar
Frio e insensível como nunca soube ser
De cabeça erguida…

Arrojo-me na lama
Para te segredar que atingi o limite da dor…
Por favor… Não me digas mais nada!
Sem querer
Podes ter na voz a lâmina
Duma espada
E quebrares
Mesmo sem querer
O cristal embaciado deste orgulho mesquinho!

Por favor não digas mais nada…
Persegue a miragem desse rio de flores
Deixa-te levar na essência mística
Desse desejo alucinado
Desse barco velho, podre, quebrado!
E se puderes…
Sê feliz.

Quanto a mim
Reservo-me o direito de escolher um caminho
De gargalhar a cada passada
Convencido de que em cada esquina
Alguém me espera
Nessa difusa estrada abandonada.

Se ficar só… Deixa
Valeu a pena ter lutado.


Para Pedro Sousa




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