Em déjà vu

Data 28/08/2014 18:59:07 | Tópico: Poemas


Sem receios deitei-me no teu corpo
Como ao luar primaveril antigo
Entreguei-me às maçãs do teu rosto
Mergulhadas nos pomares rústicos.

Teus poros eram de odores campestres
Cerejas, amoras, mirtilos, silvestres
E a tua boca ladina espraiando
Madressilvas, ai odores da campina.

Fui mais além, a tua língua na minha
Serpentes ziguezagueando sem preguiça
Éramos duas presas numa explosão só
De peripécias fantásticas...anestésicas

Por isso segui o itinerário sem freios
A alta velocidade na tentação mil
Senil d’ anseios, percorri-te do pescoço
Ao peito e resto dos membros num alvoroço.

Era uma excitação bendita
Que acabara antes de começar
Aterrando no mar sádico da saudade
Em déjà vu.

Maria Luzia Fronteira

Funchal, 26 de abril de 2012



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