A cadeira da inconformidade…

Data 29/08/2014 13:40:06 | Tópico: Poemas

Levanto-me,
chegou a hora de largar a cadeira,
O pouso de muitos pousos e voos rasos.
Chegou a hora do passeio vago entre
As ruas apertadas de casas miúdas
E os jardins escassos dos sorrisos
Que por mim passam.
Um passo e outro passo,
Não sei se sozinha caminho,
Só, apenas com os meus passos
Ou se com os passos que antecedem
Ou procedem os meus passos.

Nada importa, o silêncio…
Mas que engano o meu…
Ainda há pássaros nas árvores,
Pios melódicos que em mim fazem eco,
Rasgando o dito silêncio, o vazio,
A humidade da parede que respira,
O bolor que vai ficando…entranhando-se.

O passeio é curto…
Talvez dure o acender e o apagar
De um cigarro….
Talvez dure a eternidade de um sono,
Ou a imagem do fumo que desvanece.
Talvez…eu viva já morta,
Como a natureza de um solo em pousio.
Haverá dias de sol e de chuva…
Haverá estações controversas…
Haverá o morrer e renascer.

O passeio é curto…
Tem a duração de um sonho,
Onde as estrelas são nascente,
Água cristalina invertida nos meus olhos.
Tem a duração do rebentar da raiz no solo,
O florir da primeira pétala.

Regresso,
À cadeira que não saiu do lugar
Permaneceu imóvel…
Mas as palavras nascidas na sua quietude,
Essas sim, saíram e voaram, navegaram,
Nascidas virgens pariram outros lugares,
Outros seres amórficos que não o meu ser.

O que ser, como ser…
Como estar, o que mostrar…
Pequeno ou gigante?
Mundo real ou irreal?
Gritar ou calar?
Viver ou morrer?
Apenas a está ultima, sei responder:
Viver até morrer!



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