
Basta-me
Data 29/08/2014 22:44:34 | Tópico: Poemas
| Agora me basta o trilho aberto, pois os meus moinhos foram vencidos e os meus demônios saciaram-se hedônicos. Agora, só quero a majestade do ipê amarelo ante a cinza amargura dos dias; apenas o canto do Céu em que brilha a estrela retornada e a poesia retomada. Que sigam em paz os outros homens. Que acumulem o ouro e o sexo que desejam. Já não quero o salso e argênteo oceano das heroicas epopeias e tristes melopeias. E nem desejo o doce mistério de Cassiopeia. Que outros revejam o passado e ditem a nova tendência. Que outros exijam ética e transparência e que todos surrem o político sem decência, mas que se compadeçam dos utópicos que desconhecem a própria demência. A mim, ave Bandeira, basta a rude flor de teu cacto, por tão poucas palavras regado. Basta-me o silêncio do livro fechado, o escuro do palco apagado e a paz de um poema terminado.
Homenagem pouca ao Poeta Grande, Manuel Bandeira.
Produção e divulgação de Pat Tavares, lettré, l´art et la culture, assessora de Comunicação Social e de Imprensa, Rio de Janeiro, inverno de 2014.
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