Noturno

Data 31/08/2014 04:36:29 | Tópico: Poemas

Lá fora há cobras, lagartos,
Homens e abutres.
Há Neros ateando fogo
Nas Romas despercebidas.
Eu, cá do meu chuveiro,
Aspiro a brisa leve da noite,
Que me chega pelo basculante
Desse quarto de banho.
Daqui maquino um poema bruto
De arestas rijas e cortantes.
Degluto esse sumo amargo
Como fosse seiva doce.
Só o que me salva
É saber que daqui a minutos
Meu corpo enxuto
Estará sob os lençóis macios
Adormecido (por ser justo?)
Em grata serenidade...
Apesar de tudo.


Frederico Salvo


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