O silêncio das margens...

Data 02/09/2014 23:29:51 | Tópico: Poemas


Não fui eu que a inventei…
a madrugada.
As suas cores no renascer do dia…
Mas nela sacio a sede dos teus beijos.

Não fui eu que inventei…
o oceano,
Mas nele sorvo o sal da tua pele…
Navegando rumo aos teus olhos.

Não despi a lua pela primeira vez,
Mas continuo a despir-lhe o véu…
Haurindo em mim a luz da tua íris.

Não fui eu que inventei o amor,
As suas fantasias e até a dor…
Mas acendo a sua chama a cada dia.
Não sei sentir-te sem o seu calor.

Inventar? Reinventar, talvez!
Apenas os lugares…
Apenas…as asas e os voos…
O rio bravo, inversos de mim…
O suspiro das árvores no cair da chuva…
O ensejo trémulo dos meus dedos
no auge do silêncio branco
Que as paredes abraçam.

Soltam-se os verbos a medo,
E as margens rasgadas gritam,
Sossego em desassossego.
Amores e ventura em desventura,
Ternuras e ódios…enlaces.

Erguem-se montanhas do solo,
Seios prometidos ao toque do sol
E o ventre da terra brota o infinito.
O infinito da tua existência…
Em madrugada, oceano, lua…
E num cálice frutado, o amor.

©Maria dos Santos Alves, 02/09/2014



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