E tudo por somente nada

Data 07/09/2014 02:18:39 | Tópico: Poemas

Como a noite parece mais sombria quando só nós nela caminhamos
Arrastando o mundo tombado de nossas costas por parvoíces lamechas
Como a lua crava punhais de brancura no negro que carregamos
Por termos a pureza maculado, termos aberto dores nas brechas

E tudo por somente nada

Por um punhado de sins que são nãos na alma pesada
No ridículo, somos crianças de birras quase montanhas
Esquecemos, secamos a flor que nos era mais estimada
Leva na partida, partes de nós que não eram tacanhas

Como o sono se escapa por entre as horas sem madrugada
Adormecendo o matinal cantador, numa tristeza gelada
Como o tempo podia parar e recuar ao início das pedradas
Para que a pedra, da palavra fatal, não fosse por mim lançada

E tudo é agora somente nada

Que a terra não engula
O meu mundo destronado
Numa fátua fogueira de rua
Onde arde o arrependimento
Junto à pedra do meu passado

O arrependimento arde bem pois é fardo pesado.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=278139