Nenhum deles lamentará a sina regando o solo penitente

Data 08/09/2014 18:24:30 | Tópico: Poemas -> Sociais



Rodas de carros funerários não guincham,
seges mortuárias não frequentam crematórios,
nem mesmo o cheiro bom do café coado
diminui constância das piores metástases.
No final de outono pode usar Chanel 5
uma gota no pescoço até na mesa do refeitório,
sem deixar de ouvir sorrateiras paráfrases
sequer abrir o botão da blusa de divinas hipóstases

De tal sorte toda situação não foi esclarecida,
havida mesmo na noite poderia ser emergência,
levando os mestre salas da comissão de frente
bailarem ao som de reagle em total desespero.
Por dentro da roupa de cambraia transparente,
sentia calor abrasando a tez como penitência,
caído do caos das aspirações sou o anjo aziago,
vejo bailarem ledas as ilusões, calo e prospero.

Todos que vieram após o Armagedom exultaram,
levando galochas e polindo os botões das jaquetas,
deixando-se ficar em modorras lentas, quase senis
despejados dos alpendres e varandas senhoris,
serviam-se de água gelada colhida em cântaros,
vertida das latrinas rasas ao som das retretas.

Trazem eles o óbolo encarnado, um selo sagrado
procuram no céu uma garrafa de puro aguardente,
benzem o solo maldito espalhando incenso e mirra,
queimando em cinzas aloés entornado das cirandas.
Jamais um só lamentará a sina, maldirá tal sorte,
regando que estão com suor gelado o solo penitente.






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